O bairro do Itaim, em sua porção próxima à Avenida Faria Lima, se encontra em profunda transformação. A antiga ocupação de pequenos sobrados está sendo substituída por altas torres sem a devida adequação de infraestrutura. O projeto busca se inserir neste contexto como forma de mediação entre distintos tempos. O terreno com mais de 1000 m2 possui uma localização especial, pois abre para três ruas, ou seja, incorpora duas esquinas. O único vizinho é uma nova torre residencial de mais de vinte andares.
O edifício proposto, com setenta metros de altura, se aproxima em escala da construção ao lado e se implanta recuado das esquinas, porém, no térreo, configura uma praça pública que liga as três frentes, estabelecendo continuidade com os passeios do bairro. A praça, metade em sombra, outra em sol, é animada por café, jardins, bancos e uma linha d’água. Novo padrão de urbanização, desejável numa cidade cujos espaços públicos são destratados e limitados. Poderia ser uma regra.
As atividades coletivas estão valorizadas no projeto. São distribuídas verticalmente, criando uma comunicação direta com a cidade.
Acima da praça, a 5,40m da rua, propôs-se um andar quase todo livre, com um grande jardim e uma horta para os moradores. A torre residencial nasce daí e distribui ao longo dos pisos os demais usos coletivos. No sexto andar, voltado para a rua comercial de maior fluxo, fica a academia de ginástica com duplo pé direito. Parece interessante que se estabeleça uma relação visual entre quem passa na rua e quem está acima, identificando a construção com usos diversos. No décimo oitavo piso se localiza um salão de uso comum, também com dupla altura. Espaço para reuniões, a 55 metros de altura, conectado com o restante da cidade. À distância, visto desde muitos pontos da metrópole, percebe-se que acontece uma festa lá no alto. Por fim, piscina e sauna foram para a cobertura, no topo, onde há mais sol, céu e vistas.
As plantas dos andares de apartamentos visam possibilitar flexibilidade para distintas configurações de unidades residenciais, previamente desenhadas. Apartamentos simples pequenos, duplex um pouco maiores, e suas junções horizontais, ou seja, um simples com um duplex, ou mesmo, dois simples. Com isso, é possível acomodar famílias de diversos tamanhos.
Para a face oeste, onde está o vizinho mais alto, implantou-se a torre de circulação. As demais fachadas, que se abrem para as ruas, são varandas contínuas. Num clima como o de São Paulo, torna-se apropriado esse espaço intermediário entre interior e exterior. Protege do sol excessivo e permite ventilação permanente em dias chuvosos. Essa proteção é reforçada com painéis metálicos perfurados de correr, que configuram a fachada do edifício a partir de seu próprio movimento e da variação das alturas dos apartamentos.
Itaim. São Paulo, SP
2012
UNA arquitetos: Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara, Fernando Viégas
Eduardo Martorelli, Pedro Domingues Silva, Ana Julia Chiozza
edatec
etip
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