Diante da nova inscrição territorial e mudança qualitativa da indústria em São Paulo, o destino de algumas áreas centrais na cidade se tornou objeto urgente de estudo por parte do poder público. A questão é comum à extensão das linhas férreas e coincide com o seu processo de modernização.
O setor Mooca e Ipiranga, cortado pela Avenida do Estado, poderá ser reestruturado a partir desses enormes terrenos vagos. Esses vazios permitem uma nova ocupação que aproxima a população de redes infra-estruturais instaladas. Ao mesmo tempo esses espaços residuais concentram estratos diversos de formação da cidade que merecem ser preservados. O projeto se coloca em sentido de continuidade com os diferentes fluxos da cidade existente, propondo um processo de acumulação de vários tempos em um mesmo espaço. Em contraposição a uma ocupação imobiliária em curso, que segrega e apaga esses vestígios.
Nessa região a presença dessas condicionantes se soma a uma paisagem reveladora da formação urbana característica de São Paulo. A várzea dos rios Tamanduateí e Ipiranga, configurada com clareza pelos dois morros laterais, concentrou as primeiras ocupações industriais da região. A permanência dessa morfologia deve ser preservada. A nova ocupação deve seguir diretrizes que preservem a leitura dessa paisagem.
A intervenção se estabelece a partir do projeto de parque linear ao longo da ferrovia, da construção de uma nova paisagem onde a água tem papel estruturador, da preservação do patrimônio industrial que perfaz a memória desse bairro e do adensamento habitacional.
O projeto é delimitado pelas estações de trens Mooca e Ipiranga, e o desenho se define a partir da infra-estrutura: parcelamento de grandes glebas e arruamento condicionados pela malha existente, espaços públicos de estar e lazer, raia para esportes e drenagem local e regional, conexões entre estações de trem e metrô, transposições da ferrovia e do rio, e habitação de interesse social.
Mooca. Ipiranga, São Paulo
2006
UNA arquitetos: Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara, Fernando Viégas
Ana Paula de Castro, Eliana Satie Uematsu, Henrique Fina, Jimmy Efrén Liendo Terán, José Carlos Silveira Júnior, Luís Eduardo Loiola de Menezes e Maria Cristina Motta
2.990.000m2
Barbara Consultoria
Regina Maria Prosperi Meyer
Aluisio p. Canholi
Planservi Engenharia
José Geraldo Martins Oliveira, Pedro m. Rivaben Salles, Daniel Montanton, Natasha Menegon
Renato P. Carvalho Viégas, Luiz Cortez, Irineu Mangilli
Silvestre Eduardo Rocha Ribeiro, José Francisco Christófolo
departamento do patrimônio histórico_dph | Mirthes I.F. Baffi, Andréa Tourinho, Sueli de Bem
Marcelo Melo de Sá, Maria Cristina de T. Sivieri
núcleo de aplicação da escola da cidade | Celso Pazzaneze, Paulo Brazil
Bebete Viégas