UNA barbara e valentim

C40 Praça Dr. João Mendes

C40 Praça Dr. João Mendes

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A praça João Mendes e o Largo 7 de Setembro, possuem uma grande concentração de edifícios históricos, além de uma função simbólica e articuladora no centro histórico. A importância da ampliação e valorização dos espaços públicos e bens tombados se amplia pelo fato de ser uma região de passagem de centenas de milhares de pessoas, ocupada com edifícios de usos diversos, moradias de baixa renda e grande concentração de ZEIS, viabilizando o adensamento habitacional na área.

A proposta reunifica a praça João Mendes, hoje cindida, através do reforço dos alinhamentos de árvores, sistemas de iluminação, pavimentação e lombo faixas, ganhando uma frente de 200 metros de extensão no sentido Leste-Oeste. Essa nova praça funciona como expansão da Praça da Sé. Com a sutil correção do traçado da avenida Praça João Mendes torna-se possível aumentar a largura do passeio no ponto de maior estrangulamento, atrás da Catedral da Sé. Um pavimento mais rugoso e distinto do asfalto sugere uma área de prioridade para o pedestre. A relocação das faixas de pedestres e semáforos fortalece o sentido de ligação entre as praças, fazendo com que elas funcionem como extensão das ruelas Praça da Sé e Onze de Agosto, transformadas em ruas pacificadas.

 

O Projeto

O sentido de continuidade entre os dois lados da praça Dr. João Mendes é definido pelo pavimento (pedra portuguesa) e pela arborização que se integra  com o trecho da praça, tombada pelo Patrimônio. Na porção oeste é proposta a recuperação da marquise erguida na gestão Prestes Maia (início dos anos 1940) como parada de bondes, através da liberação integral de sua estrutura das diversas ocupações que hoje desfiguram a construção. A proposta sugere a manutenção das floriculturas, relocadas em blocos mais baixos e totalmente transparentes, mas importantes para garantir um uso cotidiano desse espaço. A marquise pode ainda abrigar mesas e cadeiras atendidas pelos estabelecimentos já existentes na própria praça e pelos novos quiosques implantados. Para manter os fluxos associados aos estabelecimentos, é proposta uma via compartilhada exclusiva para abastecimento e o ponto de ônibus da praça é relocado para o a avenida da Liberdade (Largo 7 de Setembro). A largura da praça é ampliada, de 14 para 40 metros de largura, o que acomoda com facilidade o novo traçado da ciclovia e diversos módulos de serviços no padrão da SP Urbanismo. As ciclovias existentes passam a estar conectadas entre si e os pontos de bicicletas compartilhadas são redistribuídos para estarem em distâncias mais equilibradas. O Largo 7 de Setembro, antigo pelourinho da cidade colonial, tornou-se uma rotatória viária do Plano de Avenidas de Prestes Maria, construído nos anos 1940. O espaço foi incorporado ao passeio e recebeu nova arborização e torres de ventilação do metrô nos anos 1970. O redesenho do piso desse largo permite retomarmos a memória do largo mantendo a densidade arbórea e incrementando a área permeável. A exposição simultânea das várias camadas de transformações pelas quais o largo passou evidencia sua história.

 

Aspectos Socioambientais

O centro da cidade de São Paulo foi drasticamente transformado, desde o “Plano de Avenidas” dos anos 1940 e sobretudo no final dos anos 1960, por obras viárias que ignoraram os aspectos ligados à qualidade dos espaços públicos, dos passeios, dos pedestres e dos usos mais cotidianos. O projeto da Praça da Sé atual é fruto da demolição completa de vários quarteirões, e abriga o maior entroncamento metroviário da cidade. Além disso, novas ligações viárias acabaram cortando, segmentando e comprometendo a qualidade da Praça Dr. João Mendes. Diminuir as vias, expandir as calçadas, incrementar a arborização, criar solos permeáveis e espaços flexíveis, inclusivos e aprazíveis é a agenda pactuada e necessárias nos novos projetos urbanos, em especial em todas as grandes cidades. São considerações ambientais, que incluem a redução da emissão de carbono, incorporadas nessa proposta, não apenas no incremento das áreas verdes mas também no incentivo do uso de veículos de zero emissão de carbono, especialmente das bicicletas. Nesse sentido, além da ciclovia proposta no perímetro de intervenção, o projeto estudou de forma preliminar a possibilidade de ampliação da rede cicloviária na região central. Outros aspectos podem ser aqui ressaltados: a arborização densa resultante da proposta aumenta a área de sombreamento dos pisos, reduzindo a reflexão de calor dos pavimentos e criando uma área extensa de temperatura mais baixa desejável nos períodos de temperatura elevada. A ampliação dos espaços públicos permite uma acomodação tranquila de novos equipamentos, como bancos, quiosques, lixeiras, bebedouros, além de preservar espaços abertos, de usos mais flexíveis e múltiplos. Foi proposta uma nova iluminação pública, para garantir o uso seguro desses espaços no período noturno. São esses os elementos que garantem que o espaço público tenha qualidade e se torne de forma efetiva o espaço para todos.

 

Recuperação do Desenho Histórico do Largo Sete de Setembro

O “Plano de Avenidas” foi responsável por reestruturar esta área de intervenção, o largo se transformou em uma rotatória e foram implementados em cada parcela da praça Dr. João Mendes um abrigo para passageiros do bonde. O projeto propõe recuperar o desenho do largo, transformando a rotatória em um bosque.

 

Unificação da Praça Dr. João Mendes

Ao reunificar a hoje cindida praça João Mendes através do reforço dos alinhamentos de árvores, sistemas de iluminação, pavimentação e lombo faixa, ganha-se uma frente de 200 metros de extensão no sentido Leste-Oeste. Essa nova frente funciona como uma orla para a Praça da Sé, que hoje se apresenta quase como um fundo para a avenida praça Dr. João Mendes.

Local

São Paulo, SP

Data do início do projeto

2022

Arquitetura

UNA barbara e valentim
Fabio Valentim e Fernanda Barbara

Colaboradores

Tamar Firer, Rodrigo Carvalho Pereira, Giulia Boraso Giagio, Camila Martins, Victória Liz Cohen, Igor Helian Fernandes Serrano