O Projeto do Sesc Parque Dom Pedro II tem sua origem no desenvolvimento de um plano urbano para a região, finalizado em 2011. O Una Arquitetos integrou uma equipe multidisciplinar que realizou para a Prefeitura de São Paulo um Plano Urbano para a região do Parque Dom Pedro II, centro histórico da cidade. Cenário de violentas intervenções de infraestrutura metropolitanas, especialmente no início dos anos 1970, a região de usos muito intensos (comercial, habitacional e cultural) transforma-se em uma zona cindida e com complexas questões de mobilidade. É uma região com significativo conjunto de edifícios históricos, tombados pelos órgãos de patrimônio.
O setor norte do plano (região norte do parque, caracterizado por importantes edifícios, em especial o Palácio das Indústrias, Casa das Retortas e Mercado Municipal), ficou à cargo do Una Arquitetos, onde foi proposta uma nova unidade do Sesc (Serviço Social do Comércio), que irá auxiliar de forma significativa no rompimento do forte uso sazonal da região (com ocupação extremamente densa durante o dia e muito rarefeita no período noturno). Tem como objetivo também fortalecer a integração e a articulação de usos já consolidados no seu entorno, e que se encontram hoje interrompidos por um conjunto de obstáculos urbanos.
Essa nova unidade do Sesc é o mais importante passo na requalificação da área, com um conjunto de atividades de esporte, cultura e educação aberta às pessoas que moram, trabalham e já frequentam a região. Além de atrair um público extenso e diverso pela qualidade da programação normalmente oferecida pelo Sesc.
O edifício se relaciona de forma direta com a cidade, sem muros, sem bolsões de estacionamento, sem mediações. Define calçadas arborizadas e uma convidativa transparência das atividades que se desenvolvem no edifício. O paisagismo do projeto procurou a maior densidade possível de vegetação, o que define qualidades específicas para os diversos espaços que desfrutam desse contato, além de estender a massa arborizada ainda existente do Parque Dom Pedro II para essa ponta norte da região.
Para proporcionar livre acesso ao público e potencializar as atividades oferecidas, um volume horizontal de dois pavimentos ocupa grande parte da área da quadra. Essa volumetria procura fazer referência ao gabarito baixo das construções da região do Brás, sem alinhamento frontal, característico da paisagem circundante. Foram propostos 3 acessos ao edifício, voltados para cada uma das ruas que margeiam as faces dos lotes, como uma maneira de integrar o edifício à cidade e animar o passeio público.
No nível térreo estão as diversas oficinas, a central de atendimento, uma cafeteria e uma sala de espetáculos. Esses programas estão localizados ao redor de um pátio densamente arborizado, que permite que atividades em andares distintos se relacionem visualmente e possam também se abrir para um espaço mais resguardado em relação à Avenida do Estado e à Avenida Mercúrio, vias de tráfego intenso. A sala de espetáculos foi desenhada para atender a configurações diversas, com várias possibilidades de montagem de cena e localização do público. A sala tem portas retráteis na face voltada à avenida do Estado, o que permite que ela se abra para a cidade e se relacione diretamente com o entorno.
Os espaços internos do prédio foram pensados a partir de sua relação com o exterior: a visibilidade das atividades é um convite às pessoas que por lá circulam a usufruírem desse novo espaço, ao mesmo tempo em que as pessoas que usufruem das atividades oferecidas dentro do edifício possam sentir-se em contato direto com a cidade, incentivadas a usufruir da multiplicidade de usos desse entorno.
A circulação interna entre os primeiros pavimentos é feita por escadas rolantes que ligam o nível térreo ao amplo terraço que caracteriza o segundo pavimento.
O primeiro andar acomoda a comedoria, biblioteca e áreas administrativas. A comedoria é um salão amplo com transparência tanto para o pátio arborizado como para a zona leste, mais diretamente, para a região do Brás. A biblioteca ocupa toda a fachada sul do edifício, voltada para a Praça São Vito.
No segundo pavimento está localizada a convivência e grandes varandas. Proporciona também um passeio pelo terraço, ao redor das copas das árvores, que revela vistas sobre esse trecho da cidade. Ao redor do vazio triangular do pátio, há um espelho d’água e, no perímetro externo, um jardim faz a mediação com a paisagem.
Esse pavimento já está acima do viaduto Diários Associados, assim essa grande varanda já oferece uma vista ampla do Palácio das Indústrias, uma perspectiva que se amplia nos pavimentos superiores.
Um segundo volume, mais elevado, contém uma quadra poliesportiva, além de áreas reservadas para atividades esportivas diversas e uma ampla sala de ginástica. Uma pista de aquecimento, que margeia toda a fachada do edifício, permite que os usuários possam correr ou caminhar com vistas sobre abertas para o entorno.
A cobertura do prédio é ocupada pelo conjunto aquático, que inclui uma piscina coberta para treino e mais duas piscinas de lazer ao ar livre. Ao redor dessas piscinas , um amplo jardim aberto ao público permite visuais para todos os lados, revelando de uma cota mais elevada novas vistas sobre a cidade.
Assim, em sua implantação, o edifício do Sesc procurou relações diretas com esse cenário expressivo da urbanização de São Paulo, oferecendo aos seus visitantes vistas para o Palácio das Indústrias, Mercado Municipal, Casa das Retortas, Gasômetro, a Colina Histórica e todo skyline do centro e zona norte e leste.
Sua volumetria buscou graduar suas alturas: os dois primeiros pavimentos ocupam uma grande extensão do terreno, enquanto um segundo volume, um pouco mais alto, ocupa apenas uma parte da projeção do edifício. Por fim, um terceiro volume, mais alto, está interno ao volume principal, bastante recuado das divisas. Esse recurso reforça a horizontalidade do edifício, respeitando e valorizando os edifícios do entorno, de modo que sua inserção seja delicada e transformadora nas relações diretas que procurou estabelecer com as pessoas e a ocupação histórica da região central de São Paulo.
São Paulo - SP
UNA arquitetos: Fábio Valentim, Fernanda Barbara, Cristiane Muniz, Fernando Viégas
Maria Júlia Herklotz, Luís Mauro Freire, Bárbara Francelin, Camila Martins, Clóvis Cunha, Fernando Cunha, Joaquin Gak, Julia Jabur, Julia Moreira, Manuela Raitelli, Marie Lartigue, Pedro Ribeiro, Rodrigo Carvalho, Rogério Macedo, Marco Soletto, Sarah Nunes, Giovani Betini, Carolina Klocker, Roberto Carvalho
SOMA arquitetos
Passeri Arquitetos Associados
Addor&Associados
Acústica e Sônica
CTE - Centro de Tecnologia de Edificações
MK Engenharia
P. Martins Engenharia
Estúdio Carlos Fontes - Luz + Design
Machado de Campos
JKMF - Júlio Kassoy e Mário Franco / Suely Bueno
ZF & Engenheiros Associados
Proiso
LPE Engenharia e Consultoria
Terraplanagem e Drenagem subterrânea
ETP
Crysalis / AVM
Jugend
PHE
EACE
CTE
ASA Estúdio