UNA barbara e valentim

Sede da CAPES

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Sobre a lisa página do planalto

A arquitetura escreve sua própria paisagem

(Sophia de Mello Breyner)

 

Esse projeto resulta de uma reflexão sobre Brasília, plano e realidade.

 

O sítio, localizado na Asa Norte – Setor de Grandes Áreas, fica próximo ao eixo monumental e ao Lago. A proposta é uma intervenção nesse território, independente da divisão fundiária, o que confirma a idéia do chão como espaço público, característica da cidade.

Diante da necessidade de grande área de estacionamentos, optou-se por uma construção em vários níveis de subsolo que aflora formando uma plataforma como um desdobramento do solo.

A sutil declividade do terreno permitiu acesso direto da via principal à edificação pelo nível mais baixo. É nessa cota que se distribui todo o programa de uso coletivo, grandes salas de reunião e auditório, importantes para uma instituição de apoio à pesquisa. Um espelho d’água organiza a circulação horizontal. O café, como ilha, possibilita uma travessia que conecta por dentro do edifício os dois acessos, inferior e superior. A articulação com o restante do programa se realiza verticalmente, através de três vazios que permitem uma apreensão visual de todos os níveis.

Acima está o jardim que, em continuidade com as áreas públicas, garante o acesso pela rua de cima.

 

Todos os escritórios, de uso mais restrito, ficam elevados, dispostos em três barras. Somente uma delas toca a base, nessa intersecção se localiza o restaurante, que se estende ao jardim. A cozinha fica estrategicamente próxima de uma rua interna, facilitando a carga e descarga. Essa rua liga por dentro do lote as duas vias de acesso ao terreno e abriga as vagas descobertas, evitando carros entre o passeio público e a edificação. Ainda sobre a plataforma, caixas de luz foram dispostas abaixo dos volumes suspensos, no intuito de iluminar as grandes salas do pavimento inferior.

A sondagem revela que o corte no terreno será feito sobre solo pouco compacto, indicando a profundidade das garagens como solução adequada de aproximação às fundações. A estrutura estabelece uma única malha de pilares para todos os espaços, caracterizando a construção como conjunto único. Tanto as lajes dos escritórios, como dos estacionamentos, são pensadas como planos capazes de suportar a flexibilidade dos usos.

A exceção só acontece no auditório e café, que necessitam de intervalos de pilares maiores para acomodar o programa. O auditório, passível de divisão, mergulha em direção ao andar de baixo para garantir a visibilidade dos quinhentos espectadores.

 

Assim, a barra mais longa funciona estruturalmente como um tubo que permite dobrar o vão nessa base e projeta o volume em balanço sobre a paisagem, indicando vista ampla em direção à alvorada. Pequenas aberturas foram dispostas nas paredes longitudinais para garantir iluminação e ventilação dos ambientes internos, porém respeitando os eixos ortogonais e diagonais de armação da estrutura do tubo. Em dois andares foram agrupadas a Presidência e a Diretoria de Gestão.

As barras gêmeas abrigam as demais diretorias e se intercomunicam através de pequenas pontes. Em contraponto ao tubo, se voltam para norte e sul, propiciando vistas complementares ao conjunto.

Torres infra-estruturais percorrem todos os andares verticalmente, contendo escadas pressurizadas de segurança, elevadores, dutos de instalações e sanitários.

O projeto procura estabelecer uma mediação entre as diversas escalas da cidade: o conjunto se coloca como construção da paisagem; a implantação indica as particularidades do sítio, revelando um lugar que conjugue a esfera pública e o recolhimento.

 

Local

Brasília, DF

Data do início do projeto

2007

Arquitetura

UNA arquitetos: Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara e Fernando Viégas

Colaboradores

Ana Paula de Castro, José Carlos, Jimmy Liendo, Luiz Eduardo Loiola Menezes, Maria Cristina Motta