O Modular Itapororoca é um conjunto de duas casas e um pavilhão de uso comum implantado em meio a um coqueiral entre rio e o mar, em uma península do litoral sul da Bahia. Esse projeto é o primeiro a ser construído com o sistema modular desenvolvido pelo escritório UNAbv em parceria com a Crosslam, empresa pioneira na fabricação de madeira engenheirada no Brasil. O projeto tem foco na construção sustentável e tem como fundamento o uso de madeira de reflorestamento. A adoção desse sistema, que se baseia num processo de montagem, mostrou-se muito adequado para viabilizar a construção num lugar remoto e de acesso difícil. A partir de uma fundação rasa e uma laje suspensa em concreto, a estrutura de madeira, além de vigas e pilares em MLC (Madeira Laminada Colada), inclui paredes em painéis de madeira em CLT (Madeira Laminada Cruzada) e uma placa de cobertura também em CLT. A construção é rápida e as operações no canteiro são otimizadas, permitindo maior agilidade na montagem, garantia na qualidade da execução e praticamente nenhum resíduo de obra. São condições que minimizam o impacto da nova construção no terreno, com pouco movimento de terra, preservação das linhas naturais de drenagem e da vegetação nativa. O conjunto é dividido em 6 módulos, de um único pavimento, que se interligam por um caminho de deck de madeira suspenso do solo. Isso permite uma integração dos módulos na vegetação e na paisagem local, e torna-os praticamente invisível a partir da praia e do rio, mantendo o aspecto original do entorno.

O sistema modular desenvolvido é composto por módulos que se adequam a programas e de dimensões diversas e que se adaptam também, com grande eficiência, a múltiplas situações de topografia, vistas e insolação. O sistema entende o canteiro sobretudo como um processo de montagem, o que abrevia prazos e minimiza os resíduos de obra. A incorporação de placas solares para aquecimento de água, painéis fotovoltaicos, tanques de acumulação de águas pluviais para reuso e tratamento de esgoto através de biodigestor doméstico tornam a unidade autossuficiente. O projeto foi desenvolvido em plataforma BIM, o que permitiu a correta especificação de toda a operação construtiva, que se inicia com a produção das peças de madeira: corte e usinagem precisos. Permite ainda a análise do desempenho das escolhas projetuais, além do acompanhamento preciso da obra em desenvolvimento. Essa decisão no processo de projeto permitiu que todos os sistemas infraestruturais pudessem ser incorporados no modelo tridimensional, e solucionar eventuais conflitos entre as disciplinas – estrutura de concreto, topografia, instalações elétricas, hidrossanitárias, de ar-condicionado e telefonia. A inovação reside, portanto, no uso de um material aplicado desde as primeiras habitações – a madeira – em um contexto tecnológico construtivo de ponta, extraindo o desempenho máximo a partir do projeto computacional, com foco na sustentabilidade.